Arqueologia
Se, o Regime Jurídico da Gestão do Património Arqueológico, determina que “O espólio resultante de pesquisas arqueológicas, terrestres ou subaquáticas, deverá ser depositado e conservado, após a conclusão dos trabalhos arqueológicos e do respetivo estudo e inventário, na instituição que for definida pelo Governo Regional, em cooperação com os organismos competentes do Estado” (Decreto Legislativo Regional, n.º 25/2016/A, de 22 de novembro, artigo 20.º), o Regime Jurídico dos Museus da Região Autónoma dos Açores vem especificar que a sua incorporação, proveniente “de trabalhos arqueológicos e de achados fortuitos é efetuada em museus” (Decreto Legislativo Regional, n.º 6/2018/A de 16 de maio de 2018, artigo 14.º).
Desde os anos setenta do século XX, com as primeiras incursões de arqueologia em Angra do Heroísmo, que o Museu tem vindo a integrar no seu acervo artefactos advindos dos mais distintos contextos. Assim, estes, porque oriundos do fundo do mar ou procedentes de terra – em cronologias que, partindo do povoamento chegam até à contemporaneidade, dão testemunho de diversos ambientes e quotidianos, como por exemplo, de rotas comerciais que antecederam o vapor; de produtos como cerâmicas, especiarias, metais preciosos ou porcelanas; ou até de vivências, fossem elas a bordo de um navio, em clausura num convento, em convalescença num hospital ou na última morada. Todo este acervo se encontra devidamente acondicionado em reserva.
Artes Decorativas e Ornamentais
A Unidade de Gestão de Artes Decorativas e Ornamentais organiza-se em três áreas: mobiliário, cerâmica e ourivesaria e vidro. Destacam-se móveis dos séculos XVI e XVII em madeira de cedro, pau branco, teixo e sanguinho. A cerâmica inclui faianças e porcelanas inglesas e da Companhia das Índias, bem como azulejos dos séculos XVI a XVIII e produção regional. Na ourivesaria e vidro o destaque vai para um conjunto de tinteiros de prata da antiga Capitania Geral dos Açores e para diversas alfaias religiosas em prata e prata dourada.
Belas Artes
Esta Unidade de Gestão reúne Pintura, Escultura, Fotografia e Vídeo, das expressões mais antigas às criações contemporâneas. A pintura abrange obras quinhentistas de temática religiosa até autores açorianos do século XX, como Sousa Pinto, Dacosta e Urbano. Na escultura, destacam-se peças religiosas, influências flamengas e indo-portuguesas, bem como obras de Canto da Maia e Sofia de Medeiros. A fotografia inclui retratos antigos e trabalhos de autor sobre o quotidiano e o Espírito Santo.
Brinquedos e Jogos
Esta Unidade de Gestão é integrada por mais de dois mil brinquedos de Portugal e de outras partes, do passado ao presente, que documentam o desenvolvimento da criança e constituem uma memória da infância e do modo como os indivíduos crescem e se relacionam em comunidade. O advento da era tecnológica, que veio revolucionar o universo dos brinquedos e das brincadeiras de rua, encontra-se também representado em algumas peças desta Unidade de Gestão. As acomodações das peças desta Unidade encontram-se em prateleiras e gavetas metálicas adequadas ao fim.
Ciência e Tecnologia
Na Unidade de Gestão de Ciência e Tecnologia as espécies constituintes advêm, grosso modo, de doações, reunindo uma miríade de objetos, que, materializando rigor científico e/ou tecnológico, se democratizaram, acabando por repassar para as mais diversas esferas da sociedade. Dividida entre o científico, o artificial e o natural, esta Unidade de Gestão engloba, a mero título exemplificativo, equipamentos de física, de química e de medicina; máquinas para escrever, para fotografar, para reproduzir som e para multiplicar imagem; equipamentos de pesagem e de medição; computadores e acessórios informáticos; e animais empalhados e fósseis. As várias peças que integram esta Unidade de Gestão estão acomodadas em vários compartimentos no Edifício de São Francisco e num anexo à Igreja de Nossa Senhora da Guia, em condições satisfatórias, porém já apresentando uma evidente escassez de espaço, situação que se pretende resolver no decurso do próximo triénio.
Espécies em Pedra
A Unidade de Gestão de Espécies em Pedra é composta por cerca de duzentos exemplares, dividindo-se em cinco subunidades: Epigrafia, Heráldica, Elementos Arquitetónicos, Elementos Escultóricos e Elementos de Produção, constituindo, no seu conjunto, um rico conjunto de valor patrimonial e estético. Na sua maior parte, este acervo encontra-se exposto no nártex da Igreja de Nossa Senhora da Guia anexa ao Edifício de São Francisco. Nesta igreja, na antessacristia, no exterior do Edifício do Serviço Educativo e no NHMMCBL encontram-se também expostos diversos exemplares.
Etnografia
A Unidade de Gestão de Etnografia é formada pelos objetos, equipamentos e tecnologias reunidos como testemunhos da vida material e os modos de vida das populações da Ilha Terceira, numa perspetiva etnográfica, desde os primórdios do seu povoamento até aos nossos dias.
Constituída por mais de um milhar de peças, a sua maior parte encontra-se numa reserva (a Galeria de Saberes e Técnicas Tradicionais) nas traseiras do Edifício de São Francisco – espaço adaptado, mas periodicamente sujeito a infiltrações de água. Peças de pequena dimensão e mais frágeis concentram-se em algumas estantes na Reserva de Cerâmica.
Uma outra parte das peças desta Unidade de Gestão, dada a sua natureza e dimensão, encontra-se precariamente guardada no armazém da Canada de Belém.
Falerística
A Unidade de Gestão de Falerística integra condecorações civis, religiosas e militares portuguesas e estrangeiras do século XIX ao século XXI, muitas delas doadas em conjunto com os uniformes militares. Fazem parte desta unidade de gestão peças adquiridas por compra, depósito e doação e, muitas delas, pertenceram a ilustres figuras que desempenharam um papel relevante no panorama regional, nacional e internacional quer a nível militar, religioso, cultural e artístico. Algumas das condecorações ainda estão hoje vigentes.
Instrumentos Musicais
Esta Unidade de Gestão reúne mais de duzentos instrumentos musicais europeus, africanos e asiáticos, de tradição erudita e popular. Provenientes sobretudo dos legados de Francisco Lacerda e Artur Santos, destacam-se o órgão de tubos do século XVIII da Igreja de Nossa Senhora da Guia, harpas inglesas, uma viola de arco italiana de 1730, um violoncelo Stradivarius de 1784 e guitarras portuguesas. Inclui ainda acessórios como baquetas e diapasões, todos bem conservados em reserva própria.
Medalhística
A Unidade de Gestão de Medalhística é composta por medalhas – peças que ostentam alguma imagem e texto, muitas delas estão numeradas e têm inscrito o nome do autor. Estas são peças, por norma, metálicas e de pequenas dimensões, que foram incorporadas através de doações de particulares. Nesta unidade de gestão existem medalhas representativas efemérides históricas, de locais, de personalidades, de instituições e comemorativas. Integram ainda este grupo os artefactos ligados ao fabrico de medalhas, como cunhos e matrizes.
Memorabília e Colecionismo
Esta Unidade de Gestão, de criação recente, é constituída por algumas centenas de pequenos objetos de Memorabília muito diversa e por coleções de bonecas em vários materiais, esferográficas e aparos, lápis, isqueiros, medalhas, pins e selos. O seu acervo encontra-se acondicionado em caixas colocadas em prateleiras numa reserva.
Militaria e Armamento
A Unidade de Gestão de Militaria e Armamento está localizada, quase na sua totalidade, no antigo Hospital Militar da Boa Nova, atual Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima (NHMMCBL). Este acervo, dos mais relevantes a nível nacional, deve-se à visão esclarecida do primeiro diretor do Museu de Angra do Heroísmo, Manuel Coelho Baptista de Lima. No NHMMCBL, o acervo não exposto está distribuído por três reservas visitáveis, de uniformes, de armas ligeiras e de armas pesadas, que reúnem condições excecionais para o efeito. O restante acervo, devido à sua particularidade e dimensão, encontra-se num hangar do Aeroclube da Ilha Terceira (um avião), no armazém sito à Canada de Belém, em Angra do Heroísmo (três viaturas e cinco projetores), e nos fortes do Negrito, de Santa Catarina e de São Pedro, no Regimento de Guarnição Nº 1 e Pico das Cruzinhas ao Monte Brasil (artilharia de ferro, bronze e aço). A reserva de armas pesadas, que acolhe um número significativo de bocas-de-fogo entre o século XVI e a primeira metade do século XX, bem como a respetiva palamenta e acessórios, um conjunto de viaturas hipomóveis e um largo conjunto de arreios militares datáveis entre o século XIX e XX. A reserva de armas ligeiras que, além de um importante acervo de armas de fogo e armas de gume, datáveis entre o século XVII e o século XX, acolhe igualmente um importante acervo de equipamento militar individual, engenhos e artefactos militares diversos. Pela natureza do armamento ligeiro acomodado nesta reserva, procedeu-se à adaptação deste espaço para casa-forte segundo os requisitos e especificações de segurança definidas pela Portaria n.º 272/2020, tornando-se assim o primeiro museu da Rede Portuguesa de Museus a possuir esta certificação para esse fim.
Náutica e Aeronáutica
Esta Unidade de Gestão integra algumas embarcações, modelos e miniaturas de barcos, instrumentos e equipamentos náuticos, modelos de aviões, equipamentos, utensílios da baleação e scrimshaws. A maioria das embarcações encontram-se guardadas em reserva, com exceção do “Barco de Papel”, também conhecido por “Autonomia”, e de scrimshaws, que se encontram em exposição de longa duração no Edifício de São Francisco, e do “Bergantim Real”, que integra o espaço interpretativo do Palácio dos Capitães-Generais “Tempo e Espaço”.
Numismática e Notafilia
A Numismática e a Notafilia são as duas áreas desta unidade de gestão. A Numismática estuda, com base na história, no aspeto artístico e económico, as moedas. A Notafilia centra-se nas cédulas, notas bancárias, cheques e outros documentos em papel que têm função fiduciária. A coleção desta Unidade de Gestão reúne moedas que remontam ao século VII a. C., fruto de uma excecional doação. Destacam-se, ainda, as moedas batidas em Angra no século XVI (“Real de Angra”), por D. António, o Prior do Crato, e as de 80 reis fundidas no século XIX (“malucos”), de D. Maria II. No que respeita à acomodação em reserva, as moedas encontram-se na Casa Forte do MAH.
Transportes
Unidade de Gestão constituída por automóveis, velocípedes sem motor, veículos de tração animal, selas e arreios civis, bem como modelos em miniatura de automóveis. Quase todos os automóveis estão guardados em reserva (armazém sito à Canada de Belém). A maior parte dos veículos de tração animal encontra-se na Reserva Visitável de Transportes de Tração Animal dos Séculos XVIII a XIX, no Edifício de São Francisco e no Palácio dos Capitães-Generais. A esmagadora maioria dos arreios do acervo do MAH é de natureza militar, pelo que a pequena quantidade de arreios civis em reserva encontra-se no NHMMCBL, com exceção dos que estão expostos no Edifício de São Francisco.
Têxteis
A Unidade de Gestão de Têxteis é constituída por peças quase na totalidade dos séculos XIX e XX, que se dividem em dois grandes grupos: têxteis civis e têxteis religiosos.
Os têxteis civis, o grupo com maior diversidade, incluem, entre outros, o traje civil feminino, masculino e infantil, o traje popular, o traje profissional, o traje de cena e de folguedo e os têxteis domésticos. Os têxteis religiosos integram os paramentos de emblemáticas personalidades, as alfaias religiosas, o vestuário de imagem e a vexilologia.
Uniformes Militares e Acessórios
Esta Unidade de Gestão, integra peças dos três ramos das Forças Armadas, incluindo uniformes que pertenceram a figuras históricas, como é o caso do General Alves Roçadas e ainda diversos uniformes internacionais. Destacam-se peças raras, como a jaqueta para oficial de batalhão de caçadores nº 9, que valorizam o seu espólio e é de destacar também a ligação à comunidade, pois a maioria das peças foi, ou é obtida através de doações. Este acervo, que se trata da maior coleção pública de uniformes militares em Portugal, está guardado em duas reservas no NHMMCBL, com mobiliário próprio e um rigoroso controlo de temperatura, humidade e luz. As reservas são sujeitas, duas vezes por ano a uma desinfestação com o objetivo de prevenir o aparecimento de infestações.
Arquivo de Som e Imagem
Acrescem ainda a estas Unidades de Gestão o Arquivo de Som e Imagem, instalado em condições apropriadas, com monitorização constante de temperatura e humidade, dada a natureza dos seus materiais, e onde se guardam vários milhares de fotografias nos mais variados suportes, películas fotográficas, registos sonoros, filmes, dos quais se destaca “Documentário Terceirense” (1927-33), cuja película original (cerca de mil metros e 42.000 fotogramas) documenta diferentes aspetos do viver angrense. O mesmo, de forma a garantir as melhores condições de conservação, encontra-se em depósito na Cinemateca Portuguesa.
Centro de Documentação
ESPÓLIO FRANCISCO DE LACERDA (1869-1934)
O seu espólio, incorporado no Museu de Angra do Heroísmo, integra documentação muito variada, sendo constituído por composições originais, correspondência, canções populares, cartazes e panfletos, fotografias, condecorações, instrumentos musicais, objetos pessoais, entre muitas outras peças.
O acesso on-line deste espólio, no endereço http://www.culturacores.azores.gov.pt/lacerda/ – organizado em “Projeto”; “Vida e Obra” e “Espólio” – permite o acesso público a um vasto manancial de informação facilitando, desta forma, o conhecimento, o estudo e a divulgação desta eminente personalidade.
ESPÓLIO ARTUR SANTOS (1914-1987)
Encontra-se desde 1988, no Museu de Angra do Heroísmo (MAH), uma parcela do vasto espólio do etnomusicólogo português, doado pelas suas irmãs após o seu falecimento.
Este espólio é composto por muitas notas de campo, artigos de jornal, alguma correspondência, transcrições musicais, fotografias, filmes, material eletrónico utilizado nas gravações e os próprios discos resultantes da pesquisa etnomusicológica em Portugal Continental, Angola, Açores e Madeira.
O legado de Artur Santos materializa-se, ainda, nos discos editados, sendo mesmo o mais importante trabalho na área de etnomusicologia feito nos Açores.
ESPÓLIO TENENTE-CORONEL JOSÉ AGOSTINHO (1888-1978)
O espólio do Tenente-Coronel José Agostinho existente no Museu de Angra do Heroísmo abrange diplomas e cartões, de ordem diversas, vários blocos e cadernos com apontamentos profissionais e pessoais, correspondência recebida e expedida, desenhos, fotografias, imagens, artigos de jornais e até mesmo algumas traduções para português, como por exemplo, a do português do poema If do escritor Rudyard Kipling.
ESPÓLIO GENERAL ALVES ROÇADAS (1882-1926)
O espólio do General Alves Roçadas recebido pelo Museu de Angra do Heroísmo, num total de 344 objetos inventariados, distribui-se pelas Unidades de Gestão de Militaria e Armamento, Uniformes e Acessórios Militares, Falerística, Fotografia, Documentos Gráficos e Artes Decorativas, além de um importante acervo de livros e periódicos, que passaram a integrar o Centro de Documentação do Museu. Este conjunto de objetos testemunha a vivência essencialmente militar do General Alves Roçadas, desde a Campanha dos Cuamatos no sul de Angola e as homenagens que lhe sucederam, até à sua passagem pela Índia, Macau e pela Flandres da Grande Guerra, culminando no comando da 1.ª Divisão do Exército Português.
ESPÓLIO MANUEL COELHO BAPTISTA DE LIMA (1920-1996)
A biblioteca e o espólio documental de Manuel Coelho Baptista de Lima foram adquiridos pela Região Autónoma dos Açores e incorporados no Museu de Angra do Heroísmo em 1998.
Aquela, compreende um vasto conjunto de monografias e publicações periódicas especialmente de temática militar (como a procurada Ordens do Exército), de história e cultura açoriana, museus, bibliotecas e arquivos dos primeiros 80 anos do século XX e também manuscritos e publicações sete e oitocentistas.
O espólio documental, conta com documentos de função privada e pública. O primeiro grupo, além de integrar numerosa correspondência pessoal, possui um pequeno núcleo de bens provenientes do arquivo de Albino Forjaz de Sampaio, seu sogro, especialmente dedicado à Iª República. O segundo é rico em documentação institucional da vida e funcionamento do Museu de Angra do Heroísmo e da Biblioteca Pública e Arquivo, em rascunhos manuscritos e datilografados de comunicações e textos publicados, em correspondência com organismos nacionais e internacionais (ICOM, ICOMOS, Fundação Calouste Gulbenkian, BAD, APOM entre outros).
Cartografia antiga, fotografias e negativos fazem, também, parte do espólio Baptista de Lima.