Duas representações femininas, a preto e branco, com toucados de flores recortadas, belas e assertivas, parecem brotar dos múltiplos círculos concêntricos que, à maneira da arte pop, preenchem o fundo da tela. Laranja, vermelho, amarelo, cores do sangue e do sol, conjugam-se com o simbolismo inerente à forma geométrica dominante, associada à energia, à eternidade e à proteção, para afirmar a dimensão pletórica e sensual da mulher. Contudo, apesar da impressão dominante ser a de dinamismo e euforia, os mesmos círculos sugerem igualmente alvos, tal como, aliás, o próprio nome da peça refere. Será, pois, esta obra uma representação da condição feminina, cuja energia se faz sentir em todas as esferas do social, mas cujos direitos são continuamente ameaçados pela sociedade patriarcal?
Esta obra funcionou como uma síntese de uma exposição preparada para o Museu de Angra do Heroísmo, cujo título “Loop” já indiciava uma constante movimentação de uma imagem, cuja matriz se repete e se vai construindo com diferentes cores, texturas e adereços para culminarem nesta última tela Third Target, de maiores dimensões e a última a ser concluída, conforme confessou a autora e daí não ter sido reproduzida no catálogo da exposição.
Paula Mota nasceu no Porto, em 1965, licenciou-se em Artes Plásticas – Pintura, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1993, e vive em S. Miguel. Esta pintura, que pertence à Unidade de Gestão de Belas Artes do Museu de Angra do Heroísmo, integrou a exposição “Loop”, apresentada na Sala Dacosta, em 2007, neste Museu.
Texto | Ana Almeida | Francisco Lima
