S. João Baptista

Em 1642, depois de ter mantido um cerco que obrigou as forças castelhanas confinadas no então Castelo de S. Felipe, a renderem-se, o povo da ilha Terceira, reunido na Câmara de Angra, solicitou a D. João IV, que mudasse o nome desta fortaleza de S.Felipe para S. João, em honra ao recém-aclamado rei, e que autorizasse a construção de uma igreja com evocação a S. João Baptista. O monarca acedeu e, por alvará de 1643, autorizou a edificação da nova igreja, concedendo o título de “sempre leal” à cidade de Angra, bem como outros privilégios e mercês aos seus cidadãos. Esta imagem, que pertence à Unidade de Gestão de Belas-Artes do Museu de Angra do Heroísmo, terá sido uma das primeiras a ocupar o altar mor da igreja então edificada, integrando agora o altar da Capela de Luiz Gonzaga da Igreja de Nossa Senhora da Guia.
S. João Baptista é o primeiro mártir da Igreja e o último dos profetas. O seu prestígio justifica o facto de, no calendário hagiológico, se ter feito coincidir o seu nascimento com as ancestrais comemorações do solstício de verão e de ser muito valorizado como padroeiro e protetor. Deve o seu cognome a ter batizado Cristo cujo nascimento e sacrifício anunciou. Daí ser representado ostentando um bastão em forma de cruz e segurando o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do Mundo”. As suas vestes de pele de camelo, animal de temperamento hostil e capaz de resistir por longo tempo à sede no deserto, seguras por uma tira de couro, remetem simbolicamente para a renitência dos homens em aceitar a palavra de Deus e para a sua subjugação ao pecado.