Os potes ou mangas de farmácia, como este, serviam para guardar preparados medicinais ou os ingredientes utilizados para elaborar os mesmos. Na sua decoração possui uma cartela barroca desenhada em dois tons de azul e vinoso sobre esmalte branco, que encerra o brasão da Ordem de São Philipe de Nery (Congregação do Oratório) constituído por cartela de seis pontas e a letra M encimada por uma coroa fechada.
Com os Descobrimentos, aumentou a circulação de novas plantas e também de produtos de origem animal e mineral, provenientes de locais como a Índia, Ceilão (atual Sri Lanka), China, África e Brasil, que, pelas suas propriedades, foram explorados enquanto agentes terapêuticos para as mais diversas patologias. É o caso do chá, do café, do tabaco, da mandioca, do ananás, da coca, da ipecuanha, do aloés, da curcuma e do caju, já para não falar de especiarias como a pimenta, a noz moscada e a canela que podiam ser usados “per si” ou integrarem compostos medicinais.
Para a divulgação destas “drogas”, foi fundamental o contributo de portugueses que deixaram registos das suas investigações ao nível da botânica e farmacologia, com destaque para Tomás Pires, o primeiro embaixador português na corte chinesa e autor de “Suma Oriental” (1515) e para Garcia da Horta, que se estabeleceu como médico em Goa e é autor da a obra “Colóquio dos Simples e Drogas he cousas Medicinais da Índia” (1563). Por seu turno, o conhecimento da aplicação terapêutica da flora africana e brasileira fica a dever-se a missionários, colonos, militares e viajantes, mas a sua inclusão na literatura médico-farmacêutica só se verificou no século XVIII.
A medicina da época dos Descobrimentos, assente na Teoria Humoral Galénica, ofereciageralmente grande resistência às novidades provenientes da Ásia e do Brasil, valorizando a sangria e as purgas no tratamento das mais diversas doenças e evitando o recurso aos medicamentos e drogas.
