Dentro do que se designa por Cerâmica Regional, há a destacar um conjunto peças de faiança ou de barro cozido caracterizadas pelos seus motivos regionalistas, que constituem documentos singulares da construção de um imaginário regionalista, através da tipificação do homem dos cestos, leiteiro, ou, como é o caso dos exemplares que se destacam, da mulher de manto.
Estas diferentes representações do mais emblemático dos “costumes” femininos terceirenses pertencem à Unidade de Gestão de Artes Decorativas e Ornamentais do MAH, tendo sido produzidas pela Fábrica de Cerâmica Terceirense, vulgarmente conhecida por Fábrica Scotto, criada como Fábrica de Louças Progresso Terceirense em 1886, por Jacinto Martins Cardoso e Zeferino Augusto da Costa.
Aparentemente iguais, cada uma destas figuras apresenta pequenas variações, quer na fisionomia da mulher, quer nos diferentes graus de compostura do traje. Repare-se na expressividade do rosto da primeira, cuja mão cuidadosamente modelada afasta ligeiramente o manto do rosto, quase completamente velado no caso das últimas duas. Já a segunda, sorridente e gaiata, segura o manto de forma despreocupada, revelando pormenores do vestido e apresentando uma atitude desenvolta que contrasta com o estatismo das restantes.
Peças como estas representam o esforço que um grupo de terceirenses desenvolveu para investir na economia local, nos anos 30 e 40 do século passado, procurando criar novos produtos para consumo local ou para fornecer um mercado turístico já então existente, ou imaginado.
Texto| Ana Almeida | Helena Ormonde
