Embora a linguagem verbal perpetue a referência à sonoridade repetitiva e desagradável deste instrumento, através de expressões pouco lisonjeiras como “fechar a matraca” ou “falar como uma matraca”, já vão escasseando aqueles que sabem exatamente qual o aspeto e funcionalidade do mesmo.
A história da matraca liga-se a uma proibição da Igreja Católica, em vigor desde o século VII, segundo a qual era proibido o tocar dos sinos entre a quinta-feira e o domingo de Páscoa, pelo que competia ao sacristão convocar os fiéis para a via-sacra, as confissões, penitências e pregações, matraqueando pelas ruas. Nas procissões e encenações da ‘Semana Santa’, criavam um som atemorizante que remetia para o desconcerto do mundo decorrente da morte de Cristo. Nos ofícios e liturgias, o toque da sineta durante a eucaristia era igualmente substituído por uma matraca.
Esta matraca de madeira em forma de prisma triangular, que integra a Unidade de Gestão do MAH, possui dezoito aldrabas de ferro presas pelas pontas a cada um dos seus lados. Ao fazer-se rodopiar o instrumento, segurando-o pela pega no topo, as aldrabas batem contra chapas também de ferro fixas nas laterais, produzindo o ruído ensurdecedor característico deste instrumento.
Texto: Ana Almeida
