Com formação na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, no curso de pintura, José Nuno da Câmara Pereira (1937-2018) destaca-se desde cedo como um defensor da necessidade de rutura com o formal, abrindo portas para as vanguardas não só no território continental português como no açoriano.
O interesse deste artista mariense pelas áreas científica e artística reflete-se nas suas obras, que vão resultar de uma constante pesquisa e experimentação de diferentes materiais e suportes.
Apesar do seu ecletismo, as suas composições têm uma constante e forte tendência para a temática da matéria, explorada em diversas áreas de expressão artística, dado que a efemeridade e instabilidade dos materiais espelha o fascínio do artista pela constante mudança do mundo.
A obra “Celebração da Terra III” é um bom exemplo do espírito criador de José Nuno da Câmara Pereira, que procura inovar a pintura, adicionando-lhe “materiais da anti-pintura”. Retira a terra do seu contexto natural e integra-a numa composição com outros materiais não convencionais, organizando-os à maneira de extratos geológicos, como se louvasse cada um deles individualmente e simultaneamente exaltando o seu contributo para a totalidade. Esta peça, que integra a Unidade de Gestão de Belas-Artes do Museu de Angra do Heroísmo, encontra-se exposta na Carmina| Galeria de Arte Contemporânea Dimas Simas Lopes.
Texto | Inês Machado
