A apanha das cerejas

Este prato de porcelana chinesa, pertencente à Unidade de Gestão de Artes Decorativas e Ornamentais do Museu de Angra do Heroísmo, reproduz um trabalho do pintor francês Pierre-Antoine Baudoin (1723/1769), conhecido pelas suas cenas galantes e idílicas: um rapaz colhe cerejas, passando-as a uma jovem que as junta no regaço, enquanto ao seu lado uma outra mulher ajoelhada parece orientar a recolha. Um cesto, possivelmente destinado ao armazenamento e transporte dos frutos, e um pequeno cão completam o cenário campestre. Copiado na China, a partir de uma gravura de Nicolas Ponce (1746-1831, o ceramista reinterpretou o tema, colocando as personagens numa paisagem oriental, retirando as expressões dos rostos e banindo todas as sombras, seguindo as regras estéticas então em uso. Este tema, conhecido como “A apanha das cerejas”, constitui um dos motivos mais reproduzidos na porcelana chinesa produzida por encomenda europeia, por volta de 1775, e que, em Portugal, é conhecida como “Companhia das Índias”. Pode ser apreciado no segundo momento da exposição “Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico”.

Texto: Ana Almeida (a partir de Museu Aberto Nº 4)