D. Maria II (1934/1853)
Bronze
Portugal, ilha Terceira, 1829
MAH.R.2007.0102
A escassez de moeda e o cerco imposto pela armada de D. Miguel I à Ilha Terceira, senhor de todo o resto do reino, com a colaboração de navios ingleses, durante os finais da década de 1820, leva os resistentes terceirenses a decidirem a fundição de uma moeda de oitenta reis, realizada numa casa da moeda, instalada na Fortaleza de São João Batista. O desenho dessa espécie numismática afasta-se da habitual numária portuguesa e é muito semelhante aos 80 reis do recém-independente Império do Brasil. Outras moedas surgirão, na época, para valores de 40 e 50 reis, porém, serão estes 80 reis, designados “malucos”, a ficar na História como único caso de moeda fundida nos Açores. O bronze dos sinos, a prata considerada desnecessária nas igrejas, tudo foi junto, derretido e transformado numa moeda estranha, de que não há duas iguais, produziram esta que foi a primeira moeda a proclamar D. Maria II como rainha. Falsificações e fabrico pouco controlado tornaram-se comuns, salientando-se aqui o caso de alguém que mandou fazer em Birmingham moedas muito boas e com serrilha, que se distinguem, por exemplo, pelo formato marcadamente oval do escudo, o que obrigou, à chegada, a um trabalho oculto para limar as “perfeições” exageradas, de tal modo era rústica a moeda local.
Texto | Francisco Maduro-Dias, in “As Faces da Moeda”, MAH 2011
