Naveta

Esta naveta, que pertencia à Igreja do Castelo de São João Baptista, tem a forma de uma nau portuguesa, montada sobre uma base circular, sendo a ligação entre o pé e a nave feita por uma seção cónica lisa. A decoração do casco reproduz, através de gravação incisa, a pregaria e o tabuado típicos dos cascos das verdadeiras naus, apresentando bem pronunciados castelos de proa e popa ambos ornados por balaustrada com decoração vazada de arcaduras.
As navetas, cujo nome decorre do latim “naviculla”, diminutivo de “navis”, nave, são peças do ritual litúrgico, geralmente em prata, onde é guardado o incenso destinado a ser queimado no turíbulo ou incensório, simbolizando a ascensão da oração dos fiéis ao céu. Tem origem nas acerras, pequenas caixas em que se mantinha esta resina perfumada usada aquando dos sacríficios na Roma antiga. O ritual litúrgico incorpora a queima de incenso desde os primeiros anos do cristianismos e, a partir do século IX, a naveta assume a forma a que deve a designação, a qual vai variar, contudo, ao longo dos tempos, em função não só de estilos artísticos, mas também de influências históricas e sociais, como é o caso dos Descobrimentos.
A abundância de prata existente, no século XVII, na Terceira, explicada pelas escalas das Armadas das Índias Espanholas, nas suas viagens de regresso à Europa, justifica a existência de inúmeros prateiros e ourives, nesta ilha. Em 1620, contavam-se cerca de 132 com domicílio em Angra. No entanto, até ao século XVIII, a ourivesaria açoriana não tem punções nem marcas de contraste, o que dificulta a sua datação e proveniência e, portanto, a sua respetiva identificação.Esta peça integra atualmente o 2º momento da exposição “Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico”.