Edifício de São Francisco Sala Dacosta
Quem, olhando o céu, não viu cavalos alados, dragões adormecidos e monstros aterradores? Quem, olhando o chão, não viu rostos nas rochas e silhuetas nas poças?
Chama-se pareidolia a esse fenómeno psicológico que nos faz atribuir um significado a um estímulo vago e aleatório, reconhecendo como familiar o que para outros não passa de um conjunto de traços indistintos.
Estes pequenos retratos de Francisco Nisa resultam dessa sensibilidade aos sinais que subliminarmente nos rodeiam, a que se soma a capacidade de dotar esses rostos lidos nas pedras de carácter, estilo e emoção, atribuindo-lhes uma dimensão de tipos sociais.
Neste processo, a fotografia surge não como fim em si, mas como meio. Capta e regista para chegar ao trabalho final da pintura. Esta não é já uma cópia da imagem fotográfica, mas a representação humanizada das imagens iniciais, utilizando embora o género tradicional do retrato.
A tinta, aplicada em matéria espessa, como utilizada por Rembrandt ou Velasquez, confere a estas pinturas um carácter escultórico e dramático. A pequena escala, na linha do pintor Miguel Branco, dá-lhe um carácter discreto que convida à aproximação.