Palacete Silveira Paulo
A prática de mascarar, que é o mesmo que dizer ocultar o rosto, cobrindo-o com uma máscara, enraizou-se, desde o século XI, nos hábitos quotidianos de Veneza, encontrando- se presente nas mais diversas cerimónias de cariz religioso, político e diplomático. Como tal, não será de estranhar que – neste ambiente social, onde individualmente todos os momentos da vida cívica e todos os comportamentos seriam observados e avaliados pela comunidade, no seu todo – o uso de máscara, repetido e recorrente, invadisse festividades. Assim tornou-se requisito, quase obrigatório, durante o Carnaval, essa expressão máxima de folia que, durante séculos, estendeu-se por cerca de seis meses, desde outubro até às festas da Ascensão, apenas com uma pausa na Quaresma. Nesse período, todos saíam à rua, do Doge ao mais miserável dos mendigos, e a bauta – máscara complementada com capuz de seda negra a que se juntava um tricórnio –, a garantir o anonimato, tornou-se célebre. Toda a Europa era atraída para este Carnaval.