Edifício de São Francisco
Na sequência das reformas militares do Exército Metropolitano da transição do século XIX para o século XX, o Governo Português modernizou o armamento de artilharia com a aquisição de peças de tiro rápido. Para o efeito, tinha nomeado uma comissão de oficiais para examinar comparativamente os modelos produzidos nas fábricas Krupp alemã e Schneider francesa. Esta comissão optou pelo modelo 75 francês, por considerá-lo “o mais perfeito e mais completo de todos os que tiveram ocasião de ver e apreciar”, tendo sido adquiridas, em 1904, 32 baterias (128 peças) m/904 para Artilharia Montada e 4 batarias (16 peças) m/906 para Artilharia a Cavalo, das quais fazem parte as peças que integram o acervo do MAH.
Produto da tecnologia do aço e da inovação dos sistemas hidropneumáticos de absorção do recuo, as peças 7,5 cm Tiro Rápido (TR) da fábrica Schneider Frères & Cie., adquiridas por Portugal, foram decisivas na vitória republicana de 5 de Outubro de 1910 e no desenrolar da Grande Guerra, com as peças modelo 75 francesas equipando parte das forças aliadas, entre elas o Corpo Expedicionário Português (CEP) enviado para França para intervir neste conflito.
Já no contexto da 2ª Grande Guerra, no início de 1941, de modo a reforçar o dispositivo militar nos Açores, as peças 7,5 cm TR m/904-06 e as m/917 Schneider-Canet (estas últimas trazidas pelo CEP) foram distribuídas pelas ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial. Na Ilha Terceira, a bateria de 7,5 cm TR, mobilizada a partir do Regimento de Artilharia Ligeira Nº 1 (Évora), incorporou a 1ª Bateria de Artilharia Ligeira, tendo tomando posição na Praia da Vitória, operando como artilharia de costa. A partir de 1943, é posicionada na Nasce Água, em Angra do Heroísmo, operando em apoio direto aos vários sectores conforme as necessidades operacionais.
De referir que a bateria 7,5 cm TR Schneider-Canet existente no Museu de Angra do Heroísmo é a única completa em instituições museológicas, incluindo os arreios m/1917, os armões de tração, os carros de munições e os carros-oficina, fundamentais para a uma rápida entrada em posição e conservação do seu potencial de combate.