28.09.2012

Sala do Capítulo

Jornadas Europeias do Património 2012
Esgrafitando O FUTURO DA MEMÓRIA:
a contemporaneidade do mobiliário açoriano do século de ouro
Almoço temático no claustro do antigo convento de S. Francisco
Museu de Angra do Heroísmo

As caixas e os escritórios açorianos dos séculos XVI e XVII ficaram famosos em toda a Europa, como nos contam os cronistas da época.
Gaspar Frutuoso refere, cerca de 1590, que havia em Angra, em finais dos século XVI, setenta e duas tendas de carpinteiros “de caixa e ricos escritórios”, que indica serem exportados para Espanha. Aludem também a tal fabrico o holandês J.H. Linschoten e o italiano Pompeo Arditi, que visitaram os Açores, na segunda metade de quinhentos, quando Angra era a “universal escala do mar do poente”.
Essa produção imensa, que atravessa cerca de dois séculos, e serviu sobretudo a exportação para as costas atlânticas da Europa, desapareceu das ilhas na sua quase totalidade e, mesmo, da sua memória coletiva.
Descobertos aqui e ali e considerados belos a ponto de figurarem em coleções com as do Museu Victora and Albert, de Londres, o cheiro intenso do cedro dos Açores (Juniperus brevifolia) foi confundido, durante anos, com o sândalo. Por este motivo, este mobiliário foi considerado de origem oriental e atribuído a artesãos do espaço indo-português.
A decoração incisa, com animais fantásticos e enramados ao gosto da época, integrados em sistemas de arcaria ou em espaços quadrangulares, os malhetes finos em “cauda de andorinha” ou, ainda, a organização e colorido dos embutidos, ainda mais orientou os investigadores nesse sentido, colocando no olvido madeiras dos Açores como o pau branco, o teixo, ou o sanguinho.
Só a partir das investigações de, nomeadamente, Bernardo Ferrão Távora, Francisco Ernesto Oliveira Martins, Pedro Dias e José Jordão Felgueiras é que se procedeu à revisão do tema e se consolidou a ideia de que se tratava de uma produção de origem terceirense, ligando as citações documentais conhecidas com as peças de mobiliário que, lentamente, começou a ser identificado.
Após algumas décadas de investigação são hoje, de novo, reconhecidas como originárias de Angra e da Terceira uma variedade de peças de decoração incisa ou embutida, como caixões e caixas, bancas de estrado, escritórios ou contadores e estantes de leitura. Alguns regressaram, mesmo, à origem.
Não fiquemos, porém, apenas pelo deleite e pela contemplação.
Tomemos nas mãos, agora, a beleza desta decoração, a finura do trabalho e a coragem de produzir com qualidade nestas ilhas e façamos o que a inspiração nos quiser dizer, em novos enquadramentos, com outros temas ou materiais. É esse o desafio deste mobiliário espantoso e destas Jornadas de 2012.


Sala do Capítulo, 28 set., 15h00
Almoço temático: a contemporaneidade do século do ouro da marcenaria açoriana,
claustro do antigo Convento de São Francisco
28 de Setembro, 12h00 às 14h30

Refeição servida pelo restaurante Ambientes com Sabores, durante a qual serão efetuadas projeções de imagens de móveis esgrafitados produzidos nos Açores, nos séculos XVI e XVII. A iniciativa decorre no âmbito das Jornadas Europeias do Património, promovidas pelo IGESPAR, entre 28 e 30 de Setembro, e que são este ano subordinadas ao tema o Futuro da Memória.
Preço 9 €. Reserva prévia pelo telefone 295 240 800 ou através do e-mail [email protected].

Ementa
Pratos Frios
Quiche de Legumes e Bacon
Salada Bio com Vinagreta de Moscatel
Salada de Grão
Pratos Quentes
Creme de Feijão Branco com Chouriço Regional e Azeite de Funcho
Lombinhos de Abrote Corados com Azeite de Coentros e Chucrute de Legumes
Escalopes de Frango Grelhado com Cuscus de Legumes e Molho de Abóbora
Sobremesa
Semi-frio de Maracujá
Bebidas
Água e Sumos
Vinho Tinto e Branco