Júlio Pomar (10 de janeiro de 1926 — 22 de maio de 2018) é um artista plástico, natural de Lisboa, que inicia o seu percurso artístico a meados do século XX, pertencendo à 3ª geração de pintores modernistas portugueses.
É rapidamente reconhecido pela sua genialidade e talento inato, sendo considerado como um dos principais expoentes do neorrealismo em Portugal, uma vez que, no início da sua carreira, vai desenvolver obras que visavam a denúncia social, essencialmente durante a vigência do Estado Novo. O seu constante desejo de inovar e experimentar combinado com uma ativa produção artística, resulta num espólio extenso e eclético que escapa a rótulos estilísticos e que abrange várias expressões artísticas além da pintura, nomeadamente a escultura, a gravura, a cerâmica e a literatura.
A obra “Bezerros Enfeitados” reúne um contexto de influências e elementos que o próprio artista vai adotando ao longo da sua atividade como parte da sua expressão, tendo integrado a exposição “ A presença do Divino na Obra de António Dacosta e Júlio Pomar, apresentada pelo Museu de Angra do Heroísmo, em 2006, na Biblioteca Pública e Arquivo regional de Ponta Delgada.
Sobre o fundo de cor terrosa e sanguínea evidenciam-se dois bezerros descentralizados, de corpos simplificados, distorcidos e geometrizados. Estão enfeitados com o que podem ser boninas de papel, à semelhança do que acontece no quadro “A Festa” de António Dacosta, de quem era amigo. Duas linhas do lado direito, redirecionam o olhar para os Bezerros, criando uma impressão de dinamismo muito própria das obras deste autor.
Texto: Inês Machado
