A artilharia foi, desde sempre, objeto de especial atenção e cuidado pelos monarcas portugueses, com especial destaque para D. João II e D. Manuel I.
Face ao sucesso observado com a artilharia de carregamento pela culatra, embarcada nas naus de “guarda-costas”, desde os seus primórdios, ainda em ferro forjado, nos últimos anos do século XV, esta evoluiu para a artilharia em bronze fundido, muito mais elástico e resistente aos efeitos da água do mar que o ferro.
Em carta de 22 de março de 1515, Estavam Paes, chefe da Fundição de Lisboa, participa a El-Rei D. Manuel I, o sucesso obtido com as peças inventadas por este monarca “…e que os tiros granadas de berço, que Vossa Alteza inventou […] tiraram de Cata-que-Farás [atualmente a zona do Cais do Sodré] ao pontal de Almada [Cacilhas] […] que a meu parecer sam os mais prestes tiros e artilharia que pera as naos se pode fazer e haverem bençam…”. O alcance do tiro, considerado notável na sua época, corresponde a uma distância de 1750 m. O mesmo, combinado com a elevada cadência que estas peças asseguravam, graças ao carregamento pela culatra, com as câmaras pré-carregadas com pólvora, explica a utilização generalizada dos berços em bronze em diversas embarcações do século XVI e grande parte de XVII.
Este berço, patente na exposição Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico, integra a Unidade de Gestão de Militaria e Armamento do MAH.
