Astrolábio planisférico

Acredita-se que o astrolábio planisférico seja uma invenção grega datada provavelmente do século IX, que chegou à Península Ibérica através dos circuitos dos viajantes árabes. Era um instrumento de observação astronómica, que permitia identificar os astros e medir a sua elevação acima do horizonte, bem como calcular as horas de nascente e ocaso, o que o tornou especialmente valioso no Islão, dado que não só possibilitava encontrar a direção de Meca, mas também determinar a hora de oração.
O astrolábio planisférico era constituído por uma peça circular principal, a madre, onde se inseriam os tímpanos – pequenas peças discoidais que continham, sob a forma de inscrições, projeções espaçadas de um dado número de círculos azimutais e de círculos de altura que determinavam a altitude do horizonte de um local.
Sobre o conjunto formado pela madre e pelos tímpanos, vinha encaixar-se uma peça, a aranha, que projetava o horizonte celeste, tal como ele se apresentava ao girar em torno do Pólo Norte, constituindo o centro do astrolábio.
A aranha tinha inscritas as posições de cada uma das principais estrelas fixas o que permitia ler, sobre o tímpano, a altura e a direção da estrela. Sobre a parte detrás da madre, encontrava-se um calendário solar, dividido em 365 dias, e um círculo concêntrico dividido de acordo com os doze signos zodiacais e graduado em 360º.
Também na parte detrás do astrolábio, localizava-se uma agulha móvel, a alidade, que servia essencialmente para a leitura da altura dos astros através da observação do limbo, que se encontrava dividido em graus.
O astrolábio planisférico inspira o astrolábio náutico, aperfeiçoado pelos portugueses durante os Descobrimentos que se servem dele apenas para medir a altura dos astros ou, como então se dizia, “pesar o sol”, adaptando-o às suas necessidades pelo que é produzido em liga de cobre, de modo a que o seu peso o tornasse menos sujeito ao balanço do navio. A abertura do disco, por seu turno, diminuía a resistência ao vento em alto mar.
Esta peça integra a Unidade de Gestão de Náutica e Aeronáutica do MAH, encontrando-se exposta na exposição “Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico”.