A Caravela

A caravela é o navio icónico dos Descobrimentos Portugueses, usado sobretudo na exploração da costa africana entre o Cabo Bojador e o das Tormentas, dado que o regime de correntes e ventos contrários levou à adopção de embarcações capazes de bolinar, ou seja de navegar contra o vento.
Variava entre os 20 e os 30 metros de comprimento e dos 6 aos 8 metros de boca (largura), sendo capaz de deslocar cerca de 50 a 80 toneis. Podia ter 2 ou 3 mastros, decrescendo de tamanho da proa para a popa, equipados com velas latinas (triangulares), capazes de avançar em ziguezage contra o vento. O casco estreito e fundo, dava-lhe uma grande estabilidade, sendo a sua impermeabilidade garantida pela aplicação de estopa entre as tábuas que eram revestidas com resina e alcatrão pelos calafates.
O convés único, sob o qual se transportavam os mantimentos, e a popa sobrelevada – o castelo, onde se localizavam os aposentos do capitão e do escrivão, conferiam-lhe uma silheta muito característica. Na proa, viajava o piloto que se fazia acompanhar pelos seguintes instrumentos: uma bússola, um astrolábio e um quadrante. Era ele quem orientava os homens do leme que manejavam o navio de acordo com as suas instruções e as do capitão. Também era tradicional trazerem dois olhos pintados à proa, porque se acreditava que assim “viam” o caminho, tradição que perdurou até aos nossos dias como se comprova nalguns barcos de pesca.
As caravelas mais pequenas levavam entre 25 a 30 homens e as maiores chegavam a transportar mais de 100. Geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens e inexperiente e os capitães podiam não contar mais de vinte anos. A partir do reinado de D. João II, passaram a ser artilhadas com canhões no convés em vez de peças de pequeno calibre (falconetes, meias colubrinas ou serpentinas) que até então se usavam montadas na amurada.
A partir do final do séc. XV e princípios do séc. XVI, nasce a caravela redonda com 4 mastros e com pano redondo no traquete – mastro de vante, as quais chegaram a transportar até 150 toneis. Esta embarcação é considerada invenção dos Portugueses, já que resultou das propostas de melhoramento de Bartolomeu Dias, depois de regressar do Cabo da Boa Esperança, face aos ventos que encontrou. Além de melhor aproveitamento do vento, a caravela redonda tinha mais espaço para colocação de armamento e possibilitava resguardo a um maior número de tripulantes.