Esta pintura situar-se-á na segunda metade do século XVII, altura em que se desenvolveram no nosso país as técnicas do tenebrismo ou do claro-escuro, bem patentes na mesma. A par de características do Maneirismo, como sejam o arco de volta perfeita no fundo e alguma simetria na composição, apresenta já fortes indícios da pintura barroca, ou mais concretamente, protobarroca, nomeadamente a figura principal, Santa Águeda, coroada de flores por dois anjos, cuja silhueta livre e graciosa foge à rigidez da postura maneirista, dando a entender o movimento intrínseco do barroco.
Martirizada e executada pelo Imperador Trajano Décius, em Catânia, aquando das perseguições aos cristãos, entre 250 a 253 d.C., a sua proteção é invocada contra os tremores de terra, as erupções vulcânicas, incêndios e doenças dos seios que lhe terão sido arrancados com tenazes, pelo que constituem o seu principal atributo. O véu que, nesta representação, emana de uma grinalda, remete para o milagre que terá ocorrido no primeiro aniversário da sua morte, quando a lava do Etna em erupção se deteve ante tal relíquia estendida no chão por fiéis em oração. Pertence à Unidade de Gestão de Belas-Artes do Museu de Angra do Heroísmo.
