O “talhão de Santa Maria” evoca um tempo em que a água era tratada como um bem raro e em que a economia dos Açores possuía mercados internos próprios. Até à vulgarização do atual sistema de abastecimento de água que a traz para o interior das nossas casas, este tipo de artefactos servia para guardar e manter fresca a água necessária ao consumo doméstico, no que diz respeito à higiene diária e alimentação. Colocado na área de trabalho da cozinha, próximo da amassaria e do fogão, a água vinda da cisterna ou tanque familiares ou do chafariz comunitário, que chegava até ele transportada em potes, geralmente feitos de madeira de cedro ou roseira, ia sendo retirada através de pequena caneca de folha ou púcaro de barro.
Embora fosse produzido noutras ilhas, o talhão ficou associado à olaria produzida em Santa Maria, sendo a expressão “talhão de Santa Maria” empregue frequentemente com sentido pejorativo para descrever alguém de figura mais robusta.
Esta peça integra a Unidade de Gestão de Etnografia do Museu de Angra do Heroísmo.
Texto | Maria Helena Ormonde
