Esta escultura de vulto inteiro representativa de um ameríndio com funções de mensageiro em trânsito é uma antiga figura de proa de uma embarcação, cuja proveniência se ignora. Conhecidas em Portugal por “marombas” e no Brasil por “carrancas”, as figuras de proa tinham motivos muito diversos, facilitando a identificação do navio por uma população na sua maioria iletrada. Evidenciavam a riqueza do armador e era-lhes também frequentemente atribuída uma função protetora. O seu uso torna-se habitual a partir do século XVI, chegando a assumir proporções gigantescas e a pesar algumas toneladas, o que prejudicava a navegabilidade, pelo que se vão tornando progressivamente mais pequenas, acabando por desaparecer no decurso do século XIX.
No caso desta maromba em particular, apenas se sabe que sofreu adaptações e foi transformada em estátua, tendo figurado por largos anos sobre o portão de entrada de uma moradia no Caminho de Baixo de São Carlos, em Angra do Heroísmo, como se pode ver numa fotografia datada dos anos 20-30 do século passado. Propriedade dos herdeiros da família Tomé de Castro, foi depositada no MAH em 1989, tendo sido alvo de intervenções de restauro em 2010-11, após que passou a integrar a exposição “Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico.”
