Esta harpa de pedais, com decoração em estilo Pompeia, ao gosto do final do século XVIII, pertenceu a Cecília Borba, considerada a melhor harpista do seu tempo.
Nascida na freguesia da Sé, a 15 de janeiro de 1895, era filha de Severiano Maria da Costa, comerciante de ferragens e proprietário de uma loja situada ao lado do antigo Armazém Severino. Cresceu num ambiente propício à prática musical, dado que a mãe, Maria Amélia Borba da Costa, era irmã do compositor terceirense Pe. Tomás de Borba, mas o seu percurso artístico ultrapassou em muito a dimensão familiar e local.
Durante o século XIX e ainda em meados do século XX, a educação musical era um aparato de boa educação para meninas e senhoras das classes mais altas. Todavia, a prática da música restringia-se ao âmbito do entretenimento doméstico. Cecília Borba destacou-se, assim, pela sua notável carreira artística, tendo sido professora de harpa no Conservatório Nacional de Lisboa desde 1920 e solista da Orquestra Sinfónica Nacional durante largos anos. A harpa de Cecília Borba, que atualmente integra a Unidade de Instrumentos Musicais do Museu de Angra do Heroísmo e pode ser apreciada na exposição “Do Mar e da Terra… uma história no Atlântico”, foi doada ao MAH pela irmã, Carmelinda Borba Ferreira Marques, aquando da morte da harpista, em 1975.
Texto | Ana Almeida
