No final da década de 40 do século passado, a obsessão pela durabilidade levou os estilistas a utilizarem materiais modernos, muitos deles decorrentes da tecnologia e guerra, para a confeção de acessórios de moda. Foi o caso da lucite, um material plástico bastante duro, mas muito brilhante e leve, criado em 1931 pela companhia americana DuPont.
A natureza rígida e translúcida da lucite dava às malas uma dimensão quase escultórica, acentuada pela extravagância das formas geométricas, pela elegância das alças circulares especialmente desenhadas para usar no braço e pelo requintado trabalho dos fechos, que assumem uma dimensão simultaneamente funcional e decorativa.
Apesar de terem pouca capacidade, as malas de lucite são consideradas das mais glamorosas e criativas de sempre, sendo especialmente populares entre atrizes, coristas e damas da sociedade que veraneavam em Miami Beach, nos anos 50 do século XX, e que faziam questão de exibir modelos cada vez mais audaciosos, muitos deles produzidos na Florida, como é o caso do modelo em destaque manufaturado pela Majestic.
O estatuto de artigo de luxo das malas de lucite, moldadas e soldadas à mão e desenhadas por estilistas de renome como Wilardy, terminou quando, no final da década de 50, começaram a surgir versões de plástico, feitas em série, através de um processo de moldagem por injeção.
A mala que hoje se destaca integra a Unidade de Gestão de Têxteis do MAH, na sequência de uma doação. Chegou à Ilha Terceira, por volta de 1970, num “barril” da América, tendo sido considerada demasiado extravagante para sair à rua e usada apenas como guarda-joias.
Texto | Ana Almeida
